segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Dear Prudence.

Minha memória sumiu. Não sei quem sou; esqueci quando acordei.
Saí logo após tentar encontrar algo que me explicasse quem diabos eu era. Não havia nada.

O céu escuro cravado de estrelas - pequenos brilhantes - chamou-me para dar uma volta.
Num outdoor, uma mulher bonita iluminava a rua deserta com seu sorriso. No rodapé, dizia seu nome: Kate Moss. Eu apenas quis o sobrenome.

Adiante, jovens ouviam uma música. Dear Prudence, let me see you smile. Eu sorri.
Meu nome é Prudence Moss.
- Quem canta? - perguntei.
- Beatles! - um jovem respondeu.
Gosto de Beatles.

Um homem passou por mim com cigarros. Sentou-se no branco próximo e vendo o meu interesse, indagou:
- Quer um?
Aceitei. Lucky Strike. Gosto de filtro vermelho.

Encontrei moedas no bolso da calça. Quis mais cigarros - o homem já não estava mais por perto. Adentrei uma loja. A atendente me perguntou minha idade. Eu não sabia.
- Adivinhe - eu disse. Um sorriso forçado se formou em meus lábios rachados de frio.
- Tem cara de dezoito. - ela deu um sorrisinho também - É, dezoito.
- Acertou.

Fiz o caminho de volta para onde eu achava ser minha casa - era de lá que eu tinha saído, afinal.
Senti frio, roubei um casaco.
Sou uma ladra.
Depois, luvas. E um violão - alguém o largou por aí.
Descobri que sabia tocar. Comecei com uma música suave. Aquela que eu tinha o meu nome.
Beatles.





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