quinta-feira, 18 de março de 2010

Um.

Olhe para mim. O que você vê? Todos enxergam o mesmo. Um corpo sem vícios, sem intensidade e sem vida. Veja estas fendas. Escorrem sangue. O sangue que devia escorrer do seu corpo imundo, não do meu.
Meus olhos sangram enquanto os seus ficam a sorrir. Você roubou meus pensamentos de mim! Milhares de lágrimas eu conto. Uma a uma, mancham meu rosto. Eu caí mais uma vez de braços bem abertos.
Ressuscitei mais de mil vezes, tentando reconstruir um eu interno que nunca volta. As memórias que eu sempre procurei enterrar, formam idéias suicidas em minha cabeça. Minha mente quase inocente é fraca, burra. Tudo confuso. Tormento.
Eu levanto, mas tombo em seguida. Não há mais força de vontade. Não consigo estancar esse sangue, que deixa o gosto que não quer parar. Está por toda parte. As paredes não me deixam sair. Estou presa em meus próprios pensamentos. Parem! As vozes ecoam em minha cabeça.
Eu não consigo controlar o ódio, nem a dor. Eu prefiro definhar a sujar minhas mãos com você. Tudo o que você fez até hoje, não serviu de nada. Você veio ao mundo somente para trazer dor. Se todos soubessem o que eu sei, arrancariam seu coração neste instante.