quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Sofra outra vez

Sabe qual é o real problema? Eu me perdi quando você surgiu. Perdi minha alma quando ela uniu-se à sua naquela vez. Perdi meu corpo quando o seu corpo dormia dentro de mim. Por vezes, sentia-me como um traidor (não era isso o que me tornei?). Maldito seja o gosto da sua carne! Fazia juras e votos secretos, com mil promessas para que não voltasse a cair em tamanha tentação. Mas bastava que você me sorrisse para que tudo viesse a baixo. O respeito que tinha por mim, esvaia-se. E as promessas? Olhe para baixo, que as verá mescladas à poeira de meus sapatos. Neguei diversas vezes teu nome para mim mesmo, evitei todas as formas, mas não fui forte. Não precisava muito para me desmontar, e você sempre soube disso. Em meu quarto, apenas existíamos nós. E quando você ia embora? Minha alma partia-se, mas minha carne clamava por mais da sua. Meus olhos jorravam sangue quando eles enxergavam a sua boca colada à dele. Eu estava me m u t i l a n d o por dentro, e a culpa era sua. Era minha culpa. Quantas vezes tranquei a porta, para que você não me assombrasse a noite? A sua voz doce apenas chamava meu nome, baixinho. Corroia-me por dentro; a vontade de tê-la (mais uma vez) era maior do que o peso em minhas costas. A maçaneta parecia frágil de girar, e as paredes eram cúmplices do meu amor proibido. Maldito seja o doce sabor do seu beijo! Maldito seja o timbre suave da sua voz! Eu amaldiçoava tudo quando acordava de manhã e você não estava mais ao meu lado. Decerto, estaria emaranhando ele em seus cabelos. Eu arrancava os meus só em pensar em tal coisa. O quarto perdia a cor sem você. Eu perdia o rumo sem você. E agora, quando todos os meus sentidos clamam por ti? Eu tento enganá-los com qualquer outra, mas já estão viciados nas curvas do seu corpo, no perfume de seus cabelos e no brilho dos seus olhos. Eu sigo tentando enganar a mim mesmo, querendo (tentando) te esquecer. E esse é o meu pior defeito.

PS: Adoro postar textos antigos. E sem moralismo aqui, obrigada.

Um comentário:

Unknown disse...

Seu lado poético é tão perfeito, morena ♥