quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Possessão

Primeiro, eram as cores. Estavam lá, intactas. Puras. Assim como sua alma.

AGORA NÃO.

Seu ódio estava contido em suas veias (latejantes). Jorrava seu sangue nas telas. E lembrava-se do sangue que escorria dela, ao cometer o ato quase homicida. Não me importa a dor, desde que eu possa sentir. Uma obra de arte, uma autobiografia desenhada e suja. Força nos pincéis, buracos nas telas. Gritos de rancor. Um corpo sem vida. Você, onde está? Alma podre.

Em seguida, os gritos. Soluços, lamúrias. E pedidos. Por favor!

Jamais serei sua. Pregou as mãos na casta pele alva, colou a boca nos delicados lábios rosados. Movimentos bruscos, desvairados. Penetrando a pele, rasgando o íntimo e clamando por sangue. Quero sentir sua dor. A alma dela outrora pura, ia descobrindo um outro sentido. Você é minha. Tinha fome daquela carne, o gosto amargo do que era tomado a força. Queria ouvir seus gritos, entoando a canção triste em seus ouvidos. O desespero. Tenho sede do seu sangue, minha menina.

Nenhum comentário: