- Você devia confessar logo.
- Eu acho que todo mundo quis me mostrar a verdade.
"Eu te odeio.
Por todas as particularidades, falhas e imperfeições. Por ter me tirado do meu torpor, mesmo que através do ódio. Por ter insistido em mim, mesmo que isso tivesse me deixado tão puto. Por aquela noite. Porque aquilo não mudou nada a nossa volta, mas nos mudou, me mudou, tão intensamente, que é um sacrilégio que o mundo tenha continuado a girar da mesma forma. Por você. E apenas você.
E eu ainda te odeio, porque você complicou tudo, porque você me fez trocar o certo por... nada, absolutamente nada de concreto, mas ainda sim, é você. E nem eu poderia ignorar isso, eu já o fiz por tempo o suficiente.
E quando eu digo que não tenho nada, Granger, eu quero dizer que eu dizer que a segurança dos meus pais não me basta, que a minha segurança não basta. Eu quero viver, Granger, e você, só você, é a culpada por isso. Porque eu já tinha desistido disso, de tudo isso. E então você veio e mudou tudo e agora eu quero uma vida, como qualquer outra pessoa tem"
Konstantine, Draco/Hermione.
Primeiro, eram as cores. Estavam lá, intactas. Puras. Assim como sua alma.
Seu ódio estava contido em suas veias (latejantes). Jorrava seu sangue nas telas. E lembrava-se do sangue que escorria dela, ao cometer o ato quase homicida. Não me importa a dor, desde que eu possa sentir. Uma obra de arte, uma autobiografia desenhada e suja. Força nos pincéis, buracos nas telas. Gritos de rancor. Um corpo sem vida. Você, onde está? Alma podre.
Em seguida, os gritos. Soluços, lamúrias. E pedidos. Por favor!
Jamais serei sua. Pregou as mãos na casta pele alva, colou a boca nos delicados lábios rosados. Movimentos bruscos, desvairados. Penetrando a pele, rasgando o íntimo e clamando por sangue. Quero sentir sua dor. A alma dela outrora pura, ia descobrindo um outro sentido. Você é minha. Tinha fome daquela carne, o gosto amargo do que era tomado a força. Queria ouvir seus gritos, entoando a canção triste em seus ouvidos. O desespero. Tenho sede do seu sangue, minha menina.
É que às vezes eu lhe pego encarando a si mesma no espelho e perguntando: “Quem você pensa que está enganado?”. Você não era infeliz, só tinha os olhos tristes pela falta do toque, que seu marido – seu marido! – jamais teria. Então, culpe-se. Eu espero que você se lembre de cada beijo não dado e de cada marca não curada. Quero que lembre o sangue que derramamos por isso. Isso que você deixou morrer. Mas, especialmente, eu espero que você saiba que a culpa é sua. Não pense, pare de ser tão hipócrita e, por favor, assuma para si mesma que tua dor é minha. E foi você covarde demais para voltar uma última vez os olhos. Finalmente, eu espero que você apodreça dentro de mim, para jamais me deixar só.
Silêncio. Palavras que não precisavam ser ditas.
- Eu não sei o que você está pensando. Mas essa sua filosofia trouxa não funciona comigo. Nós dois sabemos que eu não preciso desse tratamento.
Ela tirou os olhos do porta-retrato, onde o noivo sorria. As íris castanhas pareciam estranhamente opacas. Evitou encarar os olhos prateados do homem a sua frente - é claro que evitou. Visualizou seu rosto num conjunto.
- Você sabe o que ele era meu, não sabe?
Ele assentiu com um leve aceno de cabeça. Inexpressivo.
- Sim, eu sei.
Ela tamborilou as unhas na mesa. Maldita mania irritante.- Então não me diga que você não precisa de tratamento.
Hallelujah.